Mais da metade das crianças Yanomami monitoradas pelos serviços públicos em 2022 apresentava sinais de desnutrição. Entre as 4.245 crianças acompanhadas pelo serviço de Vigilância Alimentar e Nutricional, 2.402 estavam com peso abaixo do ideal.
Os dados constam no relatório divulgado pelo Unicef em parceria com a Hutukara Associação Yanomami, que aponta a desnutrição como um dos principais fatores de mortalidade infantil nas comunidades indígenas de Roraima.
A situação é agravada pela presença do garimpo ilegal, que impacta diretamente a produção de alimentos, dificulta a caça, destrói roças e contamina recursos naturais.
“Onde tem garimpo, tem malária, e quem está doente não consegue caçar ou plantar. Isso leva à fome”, explica a antropóloga Ana Maria Machado.
A malária, sozinha, matou 47 crianças Yanomami entre 2019 e 2022. O número de casos em menores de cinco anos nesse período ultrapassou os 21 mil. Além disso, 187 crianças morreram de doenças respiratórias, muitas delas preveníveis com vacinação.
A cobertura vacinal entre os Yanomami caiu de 82% em 2018 para apenas 53% em 2022, devido à desmobilização das equipes de saúde durante o período de maior avanço do garimpo ilegal.
O relatório reforça que, apesar de ações emergenciais adotadas desde 2023, como a reabertura de unidades de saúde e o aumento de profissionais no território, os desafios ainda são grandes e exigem resposta coordenada e contínua.