Caso Miguel: mãe relembra momento que levou menino até rio e diz ser ‘um monstro’

Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 28, chorou durante o julgamento do assassinato de Miguel dos Santos Rodrigues, morto aos 7 anos em julho de 2021, no Rio Grande do Sul. Ela e sua companheira na época, Bruna Nathiele Porto da Rosa, foram acusadas de matar a criança e jogar seu corpo no rio.
Durante o primeiro dia de julgamento, que começou na quinta-feira, 4, Yasmin relembrou a relação do menino com Bruna e disse que trancou Miguel no armário. Ele então disse que era um “monstro” por não fazer nada.
“Eu sou um monstro. Na verdade, sou um verdadeiro monstro. Porque se estou aqui hoje é porque cometi um grande erro. Se estou aqui, então todos estão aqui, é porque sou uma péssima mãe e um ser humano. Mas nunca imaginei que ela [Bruna] pudesse fazer isso”, disse.
Ela também contou o momento em que viram a criança morta e decidiram jogá-la no rio Tramandaí, em Imbé. “Eu vi a Bruna embaixo da mesa, sentada como um feto. Olhei para ela e perguntei: ‘Onde está o Miguel?’ Corri para o banheiro, vi Miguel caído ali, com o corpo todo frio e roxo. Mostrei a ela e perguntei o que aconteceu e ela disse que ele estava morto. Miguel estava pálido e rígido”, disse Yasmin, chorando.
“Então eu o recuperei. Ele não estava devidamente vestido, estava frio. Eu visto roupas quentes e calças quentes. Ela se levantou, trouxe a mala e disse que precisávamos fazer alguma coisa. (…) Aí eu peguei e coloquei. Eu coloquei lá. Eu o acolhi e levei para o rio”, lembrou.
Em seu depoimento, ela apenas respondeu às perguntas da defesa e admitiu ter espancado violentamente Miguel no dia anterior porque ele havia defecado nas calças. No dia seguinte, Miguel acordou sentindo-se “molhado”, com frio e com perda de apetite. Yasmin disse que deu dois medicamentos para a criança.
Bruna, 26 anos, nega participação no assassinato. Em seu depoimento, ele admitiu ter cometido violência psicológica contra a criança e ter ajudado a esconder o corpo do menino. Mas disse que deveria ter sido ideia do seu companheiro porque “assim ninguém vai encontrar (o corpo)”, responderam apenas os seus defensores e o procurador.
Segundo a sogra, Yasmin é manipuladora, ciumenta e bastante agressiva com os dois. Ela ressaltou que a criança não recebia alimentação suficiente, vivia isolada, ficava trancada em armários e, em casos graves, até fazia suas necessidades neles.
Bruna afirmou que tentava impedir o ataque ao enteado, mas ele também foi espancado: “Ela disse que se ele gritasse ela batia mais forte”, testemunhou.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ambos responderam pelos crimes de tortura, triplo homicídio (motivos desprezíveis, meios e recursos cruéis que dificultaram a defesa da vítima) e ocultação de corpo. . As imagens do julgamento foram transmitidas no canal do tribunal no YouTube.
Relembre o caso
O caso ocorreu em julho de 2021, no município de Imbé. Segundo denúncia do Ministério de Obras Públicas, em agosto do mesmo ano, o corpo da criança foi jogado nas águas do Rio Tramandaí após um homicídio ocorrido entre 26 e 29 de julho.
Após se desfazer do corpo, Yasmin foi até a delegacia e relatou o desaparecimento da vítima. No noticiário, ela disse que o menino estava desaparecido há “dois dias”, mas esperou para chamar a polícia.
Após denunciar seu desaparecimento, as autoridades procuraram Miguel. Durante a investigação, Yasmin e Bruna foram apontadas como autoras do crime, principalmente após aparecerem em imagens de câmeras de segurança andando pelas ruas da cidade com uma mala. Em julho, Yasmin foi presa sob suspeita de assassinar o filho. Em depoimento à polícia, a mulher admitiu o crime.
De acordo com as investigações apresentadas na denúncia do deputado, de abril a julho a criança suportou extremo sofrimento físico e mental, como punição por buscar amor, sentimentos, cuidado e atenção. Miguel ficou algemado e imobilizado com correntes e cadeados em um pequeno armário por longos períodos ao longo do dia. Quando ele se libertou, as mulheres o amarraram novamente. O procurador André Tarouco também descreveu no processo que Miguel foi repetidamente obrigado a escrever num caderno declarações insultuosas sobre si mesmo, como “sou um idiota”, “sou um ladrão”, “sou mau”, “sou um idiota.” Sou cruel”, “Sou mau”, “Não sou bom”, etc.
Acredita-se que a causa da morte seja agressão, alimentação inadequada, uso inadequado de medicamentos e falha na prestação de cuidados de saúde à vítima.