quinta-feira, junho 5, 2025
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Garimpo ilegal devastou área de 584 campos de futebol nas terras indígenas Yanomami, Kayapó e Munduruku em 2024

Entre janeiro e junho de 2024, 417 hectares de novas áreas de desmatamento associado ao garimpo foram abertas nas terras indígenas (TI) Yanomami, Kayapó e Munduruku. Isso equivale a 584 campos de futebol. O dado faz parte de um levantamento do Greenpeace Brasil, e foi obtido do sistema de alertas de monitoramento Papa Alpha.

O território mais devastado no período foi a TI Kayapó, com 54,4% dos alertas e 227 hectares devastados. Na segunda posição, ficou o TI Yanomami (40,63% e 169,6 hectares destruídos) e, na terceira, o Munduruku (4,87% e 20,2 hectares destruídos).

Até dezembro de 2023, a área devastada pelo garimpo nessas terras totalizava mais de 26 mil hectares – isso é mais de 90% das ocorrências de garimpo dentro de territórios indígenas no Brasil.

“Um dos grandes apelos dos povos originários é a desintrusão de seus territórios, que é a expulsão total dos garimpeiros de suas terras. Isso já foi feito na Terra Yanomami em 2023, mas os Kayapó e os Munduruku seguem aguardando quando isso vai acontecer”, disse Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace.

Ainda de acordo com Dantas, o garimpo destrói ecossistemas, desestabiliza populações tradicionais e ameaça o combate à crise climática. “Por isso, a expulsão dos garimpeiros ilegais e a defesa dos territórios indígenas precisam ser pautas defendidas por todos nós”, destaca.

A organização ambiental pontua que, de maneira geral, os alertas dentro dos territórios originários monitorados diminuíram significativamente em comparação com os últimos anos. No entanto, pequenas áreas estão sendo abertas próximas a garimpos já estabelecidos, como uma tentativa de dificultar a detecção por imagens de satélite.

Migração

Na Terra Indígena Yanomami, o Greenpeace identificou a migração da atividade garimpeira para a região Sul, na porção mais próxima do Amazonas, alcançando as adjacências do Parque Nacional do Pico da Neblina, no município de Santa Isabel do Rio Negro.

O levantamento mostra que foram mais de 90 hectares de garimpo registrados na bacia do rio Cauaburi, sendo parte área nova, a 5 quilômetros da aldeia Ariabu, e se estendendo por 12 quilômetros ao longo do igarapé de mesmo nome da comunidade. A outra parte é de um garimpo antigo, que foi reativado recentemente.

No Sul do Amazonas e na fronteira entre Rondônia e Mato Grosso, a devastação também chama atenção e já ameaça outras áreas protegidas, como o Parque Nacional dos Campos Amazônicos e as Terras Indígenas Apurinã, Sete de Setembro e Zoró.

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