Dez trabalhadores em situação análoga à escravidão são resgatados em três municípios de Roraima
Uma fiscalização coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou no início deste mês dez trabalhadores em situação análoga à escravidão nas zonas rurais dos municípios de Amajari, Iracema e Mucajaí, em Roraima. As informações foram divulgadas na noite desta quinta-feira (25) pelo MTE.
A operação contou com a participação do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de um professor e tradutor vinculado à Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Ao final das inspeções, diante das condições degradantes às quais os trabalhadores estavam sendo submetidos, os empregadores foram devidamente notificados a adotar as providências de paralisação imediata das atividades, com rescisão dos contratos de trabalho e pagamento dos valores rescisórios devidos, cujo montante foi de R$ 51.253,31. Todos os trabalhadores resgatados foram retirados das fazendas.
Segundo informações da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), os trabalhadores foram encontrados nas atividades de criação de gado de corte e de leite e na produção de queijo que abasteciam a capital, Boa Vista.
Nenhum dos trabalhadores possuía carteira assinada ou qualquer tipo de vínculo formal. Entre eles, havia dois idosos, um trabalhador de nacionalidade colombiana e três venezuelanos, sendo um deles menor de idade. O empregador rural do município de Mucajaí, produtor de gado leiteiro e de queijo, foi conduzido preso até a Superintendência da PF em Boa Vista. As atividades empresariais eram desenvolvidas há anos sem recolhimento de quaisquer encargos trabalhistas.
A caracterização da situação análoga à escravidão ocorreu devido às condições degradantes às quais os trabalhadores estavam submetidos, sobretudo pela forma como foram abrigados nas fazendas. Seus alojamentos estavam imundos, cheios de barro e estrume, e os trabalhadores não tinham acesso à água potável para consumo ou instalações sanitárias adequadas. A coordenação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) oficiou ao Departamento de Vigilância Sanitária informando sobre as precárias condições de conservação, asseio e higiene do local onde os queijos eram fabricados.
Ao final da ação, o GEFM providenciou a emissão e entrega das guias de seguro-desemprego aos trabalhadores resgatados, que dão às vítimas o direito de receber três parcelas de um salário-mínimo (R$ 1.412) cada. As irregularidades trabalhistas constatadas nos estabelecimentos fiscalizados ensejarão a lavratura de aproximadamente 115 autos de infração.
Sistema Ipê
As denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê: ipe.sit.trabalho.gov.br.
Com informações do MTE