A produção de soja em Roraima cresceu mais de seis vezes em sete anos e hoje cerca quatro em cada cinco terras indígenas, segundo estudo do Instituto Serrapilheira. A área plantada passou de 18.725 hectares em 2017 para 117.215 hectares em 2024, impulsionada por incentivos públicos, mudanças legislativas e aumento da demanda internacional.
O líder indígena Jabson Silva, da Comunidade Morcego, relata que o avanço das plantações trouxe ruídos constantes, poeira e, em alguns casos, pulverização aérea próxima das casas. Ele afirma que moradores apresentaram sintomas após o contato com defensivos agrícolas e que idosos tiveram agravamentos de saúde.
O estudo identificou plantações no entorno de 26 das 33 terras indígenas do estado, sendo que 24 são áreas fragmentadas. Essa característica facilita o avanço da fronteira agrícola e aumenta a pressão sobre territórios já reduzidos.
Segundo o pesquisador Bruno Sarkis, a expansão da soja está ligada a políticas estaduais que flexibilizaram a compra e a regularização de terras, reduziram a reserva legal e autorizaram desmatamento em larga escala. Ele avalia que, apesar de elevar indicadores econômicos, essas medidas concentram benefícios entre poucos produtores e ampliam desigualdades sociais.
O governo estadual não respondeu até a publicação da reportagem.
Com informações do Brasil de Fato e Samantha Rufyno/Repórter Brasil



