A Justiça Eleitoral cassou o mandato do vereador Genilson Costa (Republicanos), presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, por compra de votos e abuso de poder econômico nas eleições de 2024. A decisão, publicada na quarta-feira (19), é do juiz Angelo Augusto Graça Mendes, da 5ª Zona Eleitoral de Roraima.
Genilson pode recorrer e segue no exercício do mandato enquanto a ação tramita. Em nota, afirmou que a sentença será revertida e disse que sua defesa não foi considerada nesta etapa do processo.
Na decisão, o juiz afirma que o vereador comandava uma estrutura “complexa e articulada” de compra de votos, financiada com mais de R$ 4 milhões de origem não declarada. O magistrado também decretou a inelegibilidade por oito anos e aplicou multa no valor máximo previsto.
O vereador já havia sido preso em dezembro de 2024 na Operação Martellus, que investigou o financiamento do tráfico de drogas para compra de votos. Também foi preso na ocasião o então subcomandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Francisco das Chagas Lisboa.
Além da cassação de Genilson, outras 13 pessoas foram declaradas inelegíveis por oito anos. A lista inclui a esposa do parlamentar, Natalie da Silva Guimarães; a irmã, Geisa Costa e Silva; ex-servidores da Câmara; coordenadores de campanha e operadores financeiros. As investigações apontam que eles controlavam listas de eleitores, distribuíam recursos e mantinham um grupo de WhatsApp chamado “Os Top 100”, responsável pela coordenação do esquema.
Segundo o Ministério Público Eleitoral, os pagamentos variavam de R$ 100 a R$ 150 por voto. O esquema foi descoberto após flagrante da Polícia Federal em 5 de outubro de 2024, véspera da votação, quando eleitores foram encontrados com dinheiro e material de campanha.
No dia da eleição, a PF cumpriu mandado de busca na casa de Genilson, onde apreendeu dinheiro, armas, ouro em estado bruto e celulares. Segundo a acusação, mensagens encontradas nos aparelhos indicam que o vereador acompanhava diretamente a operação de compra de votos.
Depoimentos de eleitores confirmaram o pagamento. Um deles declarou ter recebido dinheiro para votar no vereador. O juiz concluiu que o conjunto de provas mostra um esquema “profissionalizado”, com impacto no resultado da disputa.
Genilson também é alvo de investigação por suposto envolvimento com o tráfico de drogas em Roraima, o que ele nega. O vereador cumpre seu sexto mandato, incluindo períodos em que foi eleito no interior.



