Boa Vista enfrenta um cenário alarmante de violência relacionada à facção criminosa venezuelana Tren de Aragua, que controla diversas atividades ilegais no Estado, incluindo o tráfico de drogas, exploração sexual e homicídios brutais.
Entre os casos que chocaram a população local está a descoberta, em novembro de 2024, de um cemitério clandestino com ao menos nove corpos, enterrados em uma área de mata na capital. A maioria das vítimas era venezuelana, e entre elas havia cinco mulheres. Segundo a Polícia Civil, os assassinatos têm características de execuções motivadas pelo controle interno do grupo, com vítimas que não cumpriam metas ou denunciavam a organização.
De março a agosto de 2021, mais de dez homicídios foram atribuídos à facção, com quatro vítimas esquartejadas e restos mortais deixados em locais públicos, mostrando a crueldade e o poder da facção dentro da comunidade de migrantes venezuelanos.
Um episódio emblemático é o assassinato de um adolescente venezuelano, de 16 anos, em maio de 2020, cujo corpo foi encontrado amarrado e com ferimento no pescoço sob a ponte dos Macuxi, em Boa Vista. A Polícia Civil investiga ligação direta do crime com o Tren de Aragua.
As autoridades de Roraima trabalham para conter o avanço do grupo, com prisões recentes de membros da alta cúpula, incluindo Antonio José Cabrera e seu irmão, detidos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). As investigações apontam que eles têm envolvimento em assassinatos e no tráfico de drogas que abastece tanto o Estado quanto outros centros urbanos brasileiros.
O delegado Wesley Costa de Oliveira destaca que a crise migratória e a falta de checagem rigorosa dos antecedentes criminais dos refugiados venezuelanos facilitaram a entrada e consolidação da facção no Estado. Segundo ele, o grupo utiliza a fronteira de Pacaraima para o tráfico de armas e drogas, abastecendo outras facções brasileiras como PCC e Comando Vermelho.
Com informações da Folha de São Paulo